A dor que eu sinto não é nada insuportável, nada arrebatador
Nada que me sufoque, que me faça faltar o ar
Ela é sim insuportavelmente suportável e crônica
Algo como alguém que sempre está ali
E não importa o quanto eu fume, beba, ria
Não importa o quanto eu a esqueça e a supere
Ela me olha e me suspira
Me endurece
Me transforma num prédio da paulista
E aos poucos me faz ver poesia nas coisas feias
Nas veias saltadas, na assimetria.
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