sábado, 3 de julho de 2010

Piegas (adouuuuroooo)




Ontem eu vi a Selma. Antes vi a Carla, e tudo na minha casa regado à vinho. Acordei com o joelho ralado do tombo, que lembrei ao me acordar, cai na rua com a cabeça cheia de vinho e com a Selma me resgatando. Penso: como eu amo a Selma, e Carla e a Maíra também, sem dúvida.
Acordo e vejo a humanidade num jogador de futebol (penso: somos todos iguais, vai).
Consigo entregar um edital com a May aos 47 do segundo tempo.
Vou à academia, ao supermercado e como coisas saudáveis.
À noite, vou ver Rebú com o Luiz Alex e ainda falo para a Muri ver a peça amanhã urgente, que vai ter no Rio, que bom que existe a TIM e a Muriel e o Luiz Alex. Depois o Lú me leva numa cantina incrível no Bexiga e eu saio da minha dieta bem feliz e sem culpa.
Na sadeira, acabamos no Netão, com direito à Tomás Decina e Mari vindo de não onde. Sem falar nos presentes que o Luiz me troxe da América Latina.

A VIDA PODE SER MUITO BOA, E SOU UMA PESSOA DE SORTE, SEM DÚVIDA NENHUMA.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Zero Grau de Libra (Caio Fernando Abreu)

Ontem, em um momento de desespero, abri um livro de coletâneas ao acaso e caí nessa crônica. (o cosmos, ou quem quer que seja, sempre me leva ao Caio...)

Sobre todos aqueles que continuam tentando,
Deus, derrama teu Sol
mais luminoso.
Caio Fernando Abreu

O Sol entrou ontem em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem, se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente porque Deus, se é que existe, anda destraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé – e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.

Nesse zero grau de Libra, queria pedir a isso que chamamos de Deus um olho bom sobre o planeta terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre aquele mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as cores vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com fanta e guaraná pelos restaurantes, e mal se olham enquanto falam coisas como: “você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete? – e outro grunhe em resposta.

Deus, põe teu olho amoroso sobre todos que já tiveram um amor, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem – nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.

Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, na noite, liga para o CVV. Olha bem o rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonetes pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de taxi que confessa não Ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto- olha por todos aqueles que queria ser outra coisa qualquer a que não a que são, e viver outra vida se não a que vivem.

Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações da vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis da República do Líbano, sobre os porteiros de prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar certo), sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma – sobre esse que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.

Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio – Não. Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

Caio Fernando Abreu, n’O Estado de S. Paulo, 24/09/86.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Um dos cinco melhores elogios que já ganhei

"Tu me deu meus melhores aniversarios"

(No mínimo uns três dessa seleção de cinco, devem ter vindo dessa mesma pessoa)

Seleções de diários

Num processo de escrever uma peça, que ainda existe (o processo), minha companheira Maíra propôs que escrevesse um diário da minha vida durante um mês. Faz tempo já, mas tem alguns trechos bem peculiares que decidi publicar. Antes que perguntem: não. Eu não estava nada bem. Mas nessas fases eu fico com um sarcasmo que me agrada.

"Estou gorda. Me olhei num reflexo de um prédio envidraçado, como todos os da Berrini, e senti que a minha cara está caindo, que o meu cabelo continua lindo, agora cada vez mais comprido; mas que as minha bochechas estão caindo VERTIGINOSAMENTE. Voltei pra casa no meio de uma tarde cinza, comi a comidinha da Flor e dormi vendo o filme “A Morte lhe Cai Bem”, tive pesadelos com o minhocão e com perseguições envolvendo assassinato, talvez o meu próprio. "

"Procuro não olhar muito pra ele, sei lá parece que eu tenho vergonha de repente, ver um poro na pele, ou algo íntimo, sei lá. Prefiro olhar pra ele somente no carro e de longe no supermercado. Não sabemos escolher nem o vinho, nem o queijo, nem o chocolate, ficamos perguntando o que o outro gosta e ninguém fala com decisão. Eu acabo escolhendo tudo para acabar logo com aquilo, com aquela luz branca de hipermercado, que fazia eu me sentir nua, feia, tinha a impressão que ele ia descobrir que eu não passava de uma fraude. Mas felizmente ele não possuia toda essa perspicácia, acho, quer dizer, espero."

"Chego em casa e vou fumar na sacada, a cidade dormindo, chuva e eu feliz.Antes de dormir penso na minha vó e chego a rezar. Mais porque ela reza, do que por acreditar.

Penso que para cada coisa boa, acontece umas três ruins.

E que a vida é assim mesmo."


"Coisa boa final de semana, posso ficar ociosa tomando litros de café de pijama o dia inteiro, que não sinto remorso. Me sinto uma pessoa normal, que descansa da semana dura que teve."


"- Mas não fecha às 19h? Tenho certeza de já ter vindo aqui nesse horário.

- Não, é só na sexta. Dia de semana fecha às 18h.

- Mas por favor, eu preciso muito! A senhora é mulher, já deve ter tido uma emergência também! É só a virilha... Não tem ninguém aí que ainda possa me depilar?

- Tem não senhora, eu já to fechando aqui.

- Mas você não poderia fazer essa bondade?

- Não senhora, sou só recepcionista.

- Mas a senhora sendo recepcionista de uma casa de depilação deve ter noções ótimas de depilação, eu pago o que for preciso! Eu passo e a senhora puxa, o meu problema é puxar mesmo, não tenho coragem... O que a senhora acha?

(Silêncio, não está acreditando na proposta)

- Bem.. (raivosa) Obrigada de qualquer forma, até mais.

- De nada (riso engolido, misto de pena e descaso)"


domingo, 27 de setembro de 2009

A dor que eu sinto não é nada insuportável, nada arrebatador

Nada que me sufoque, que me faça faltar o ar

Ela é sim insuportavelmente suportável e crônica

Algo como alguém que sempre está ali

E não importa o quanto eu fume, beba, ria

Não importa o quanto eu a esqueça e a supere

Ela me olha e me suspira

Me endurece

Me transforma num prédio da paulista

E aos poucos me faz ver poesia nas coisas feias

Nas veias saltadas, na assimetria.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Gente é Imperdível!!!!!

Brega e mórbido! Não acreditei...

Tem que clicar no link "Arte picto-crematória", surreal.

http://www.acempro.com.br/unidade_detalhe.cfm?id=5

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Feriado de solllllll



Ai que feliz! Até que não é nada mal aproveitar o dia num lance bem saudável. Hoje fiz a fotossíntese com amigos amados. Quer mais poesia que um jazz regado à cigarrinho num finalzinho de tarde na Paulista?